Um pedacinho da minha alma...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O tempo

O tempo passa sinuosamente por nós,
Com a certeza de ser desapercebido,
Quase irônico e destemido.

O tempo se cansa de ser assim tão sorrateiro,
Então ele decide assumir a inconstância,
Tirar a calma, surgir do breu.

Só assim ele é percebido, quando nossas vidas parecem desabar, quanto o tempo parece ser tão importante quanto o ato de respirar. Quando percebemos que o passado parece cada vez mais distantes, quando o tempo parece irrevogável.

Não deixe que ele se revolte contra sua falta de percepção, aprecie cada segundo, não deixe nada para depois, porque o depois pode não existir amanhã.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Perspectiva

Existem coisas que naturalmente sabemos, outras aprendemos com o tempo ou até mesmo com o cansaço que o erro nos proporciona.

Nessa semana que passou eu estava me sentindo completamente estranha, como se todos ao meu redor estivessem diferentes e eu naturalmente estranhei essa mudança. Fiquei em casa no final de semana, pensando e repassando cada momento em minha memória, na intenção de descobrir qual fora a razão para tamanha mudança ao meu redor.
A pressão era tanta que mal conseguia me desligar, acordei com uma tremenda dor no pescoço, como se eu tivesse carregado o mundo nas costas durante a noite.
Nunca liguei para a opinião alheia e foi isso que me deu forças. Afinal de que adianta ser admirado quando você mesmo não se orgulha de si?

Foi ai que meu coração deixou a angústia de lado,não havia motivos reais para isso tudo, será que eu não havia mudado?
Claro.
Nós temos a visão dos outros, só percebemos as mudanças externas, mas e as internas?

Prometi a mim mesma que iria fazer diferente, ao invés de me fechar a cada segundo de indiferença eu sorri para ela, e não deu outra. Hoje tudo voltou ao normal, todos estão habitualmente estressados, alegres, agitados, e afins.

Muitas vezes tentamos achar a razão de nossa inquietação e infelizmente quase nunca percebemos que ela está dentro de nós mesmos. Por isso antes de tentar entender qualquer ação, observe se ela não é apenas uma reação das suas próprias mudanças.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Chuva

Ai essa chuva escorrendo lá fora,
Molhando cada rastro que você deixou,
Apagando seus passos pouco a pouco,
Refrescando e dando alívio.

Chove chuva, arrasta tudo o que há de ruim,
Transborda esse rio de pensamentos,
Escoa essa alma lavada,
Acolhe as águas no seu coração.

Depois da cheia sempre vem a fartura,
Transforma essas terras,
Cultiva em teu seio o amor,
Renasce dentro de mim.

Nada importa mais...

Outro dia estava lendo uma passagem do evangelho espírita e pensei na possibilidade de que ser sozinha poderia ser um atalho para não sofrer. Fiquei com isso na cabeça, remoendo cada pedacinho da minha vida, e cheguei sim a pensar que havia escolhido um caminho mais fácil para encarar a vida e que talvez essa não fosse a melhor opção.

Mas ontem eu cheguei a conclusão de que não é mais fácil, estar sozinha requer muito mais controle sobre si, sobre os sentimentos e acontecimentos da vida.
Seria muito mais fácil ter a quem recorrer quando um problema vem a tona, pegar o telefone quando as coisas não saem do jeito esperado, mas infelizmente eu não tenho essa opção. Passei por muitos momentos sozinha, decidindo, sofrendo, analisando e optando. Não seria mais fácil ter um conselho ou alguém para abrir novas opções?

Por muitas vezes me senti perdida, quando tive problemas na faculdade, quando chorava por amores não correspondidos, quando precisava de colo, quando me vi sozinha assumindo dívidas e escolhendo o melhor caminho para passar por todos os sofrimentos. Quando tive um chefe que queria mais do que meu trabalho profissional, quando decidi sai do emprego mesmo não podendo, quando deixei de dormir para estudar, quando finalmente me formei, e mais uma vez estava sozinha.

Foram tantas as situações em que me vi desesperada por uma palavra, mas não era qualquer palavra, precisava das palavras dela, minha mãe. Quantas vezes me vi deitada precisando de colo, de um carinho, de amor verdadeiro.

Então hoje eu vejo, estar sozinha não é mais fácil. Pode até parecer que me esquivo de desilusões, ou que tenho medo de me machucar.
Mas só eu sei o quanto dói e o quanto é difícil não ter opção, eu vivo intensamente cada minuto e cada sentimento.

Não me vejo diferente das outras pessoas, tudo o que vivi me fez perceber que cada um suporta um peso nas costas, o que pode ser leve para um, pode ser extremamente pesado para você.
Eu realmente não me abro para qualquer pessoa, não mostro tudo o que tenho no coração, acho desnecessário. A maioria não tem sensibilidade e muito menos interesse suficiente.

Mas como a vida é uma caixinha de surpresas, eu acabo sempre encontrando pessoas especiais no meu caminho.
Eu não preciso me auto afirmar e nem mesmo me afirmar para quem quer que seja, não estou preocupada com nada disso. Tudo se torna cada vez mais simples, e isso acontece porque cada vez mais acredito que a vida é um breve suspiro e só quero fazer o meu melhor.
As pessoas nem imaginam..


"Se fizeres o bem não grite, pois a melhor caridade é aquela feita num suspiro."