Um pedacinho da minha alma...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Caindo na real

As vezes eu me canso de falar de mim mesma, dos meus sentimentos, das minhas vontades, inseguranças e indecisões. Mas como não falar de mim se a única pessoa que eu conheço de verdade e se importa comigo, sou eu mesma?

Hoje uma pessoa especial falou:
- Man, já vai fazer um ano que ficamos pela primeira vez.
- Nossa, e eu continuo sozinha.
- Você continua sozinha por opção.
- É tão difícil, a cada dia que passa eu me torno mais difícil.

Esse diálogo me fez pensar em milhões de coisas, a vida já me trouxe muitas pessoas especiais, cada qual com suas qualidades e defeitos, mas mesmo assim eu não abro meu coração. Não é por falta de querer, por falta de gostar, acho que é simplesmente por medo de perder alguém importante, mais uma vez, mais uma dor.
Chego a pensar que isso é uma defesa, uma covardia da minha parte, mas infelizmente ainda não consigo controlar isso.

Sempre tive vontade de viver um conto de fadas, mas quando finalmente me entreguei, me decepcionei. Isso me custou caro, foram quase 3 anos de recuperação, tempos difíceis onde eu finalmente aprendi a me amar e me respeitar. Cresci como pessoa, amadureci, conquistei muitos objetivos e hoje tenho medo de dividir minha vida com alguém.
Adoro ficar na minha casa, aprendi a gostar tanto da minha própria companhia, que as vezes me sinto até egoísta. Mudar meu ritmo, minhas escolhas e minhas vontades, parece ser algo duro de se fazer.
Quando percebo que alguém quer mudar meu jeito de ser ou até mesmo me convencer a outras coisas, eu me afasto. Sou uma idiota, preciso largar o medo de lado e me apaixonar loucamente. Quero sentir meu coração ansioso, quero ter vontade de sacrificar minhas noites de sono apenas para abraçar quem eu amo, quero fazer loucuras e surpresas. Quero acordar e dormir sentindo aquela saudade gostosa, ligar e falar boa noite.

Eu quero, mas não me permito. Espero um dia poder entender esse coraçãozinho aqui. Enquanto isso não acontece, só me resta minha própria companhia.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Elástico

As vezes nem eu me entendo, como uma pessoa pode querer tantas coisas diferentes ao mesmo tempo?

Eu não era assim, quer dizer, acho que sempre fui. Sempre fui movida a emoções, novas, inesperadas e excitantes.
Só me acomodei uma vez, uma única vez me senti saciada, mesmo que por pouco tempo. Mas isso não durou muito, dessa vez não por minha escolha, neste momento foi a própria vida que não me deixou acomodar.

Dentro de mim existe um elástico, esse elástico é minha vontade, e raramente ele fica imóvel. Essa vontade varia de acordo com os meus sonhos, sou uma pessoa amante do que me trás um sorriso, um sentimento bom, uma sensação de estar completa.

Hoje o dia já acabou, mas ainda terei muito o que escrever em casa...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Era uma vez...

Em uma cidade bem pequena e antiga, daquelas onde todos se conhecem, existia um castelo enorme. Esse castelo possuía portões de ferro, lanças afiadas, uma ponte que mais lembrava um calabouço e era feito de blocos de pedras enormes.
Todos da cidade que pegavam a grande estrada para o norte, passavam na frente dele e se perguntavam quem seria o dono misterioso que nele morava. Ele ficava distante de tudo, no alto de uma colina bem íngreme, se não bastasse a imagem assustadora, ele ainda parecia completamente abandonado.
Em um dia chuvoso, um senhor acabou atolando sua charrete na colina, ele não era daquela cidade, ele vinha de uma cidadela ainda menor ao leste, trazendo consigo sua filhinha adoecida. Como ele não conhecia a cidade, saiu a procura de ajuda por perto e a única coisa que pode ver através dos clarões provocados pelos raios, foi o velho castelo. Na verdade ele parecia muito mais vivo com aquelas luzes todas, e o senhor não sentiu medo algum, pelo contrário, ele só queria um lugar seco para sua pequena se abrigar.
Ele correu pela ponte e bateu no portão gigante, o barulho foi estrondoso, mais potente do que qualquer trovão daquela noite. Ele bateu mais algumas vezes mas ninguém atendeu. Com o desespero ensurdecendo seus pensamentos ele forçou o portão, e para sua surpresa ele estava apenas encostado. O senhor voltou e pegou a pequenina em seus braços, ambos entraram castelo a dentro.
O interior do castelo era completamente diferente do que se via por fora, era tudo claro e arejado, um pouco confuso talvez, decorado com móveis de todas as épocas, cortinas de várias cores e tinha um aroma místico no ar.
Ele deitou sua frágil menininha em um sofá confortável, logo em seguida foi adentrando nos cômodos, afim de encontrar o dono, se desculpar pela invasão e pedir ajuda. Quanto mais ele conhecia, mais ele se encantava, o castelo parecia uma casa de bonecas, daquelas que você sonha acordado.
Depois de vasculhar a parte de baixo, ele subiu uma escada comprida e curva, que dava no andar superior. Olhou tudo, não havia sinal de presença na casa, apenas aquele cheiro delicioso que continuava no ar. Era uma mistura de flores do campo e âmbar, pêssegos e cidreira, uma mistura curiosa e perfeita.
De repente ele percebeu uma luz fraca no final de outra escada, ela era escondida bem no final do corredor lateral do castelo e o cheiro também parecia vir de lá. Movido por sua curiosidade, subiu silenciosamente cada degrau, um por um, controlando a respiração, afinal, não sabia ao certo o que podia encontrar.
Quando chegou ao último degrau ele parou, quase que esperando ser percebido, mas após alguns segundos percebeu que continuava sem ter sua presença notada. Ele tocou a maçaneta e empurrou a fresta já aberta, a luz fraca vinha de uma vela, queimando seus últimos milímetros de pavio. O perfume vinha de um pequeno queimador de essência, uma linha fina de fumaça subia conforme o líquido evaporava.
Se não reparasse quase não veria, no canto do quarto havia uma cesta, e algo se mexia, e de vez em quando fazia um som baixinho, quase como um filhote.
- Um cachorro talvez?
Ele deu alguns passos, e quando chegou bem perto pode ver que o que havia no cesto nada mais era do que um bebê, com o rostinho rosado e olhos cor de esmeralda.
-Mas o que um bebê faz sozinho no terceiro andar de um castelo vazio?

O senhor pegou o pequenino no colo e desceu para se juntar a sua filha. Ele conseguiu alguns biscoitos na cozinha e um pouco de leite, deixou de comer para dar as duas crianças. Pegou alguns cobertores num armário próximo e as cobriu, cantou uma música linda de ninar e quando acariciou seus rostinhos, uma coisa mágica aconteceu.
O bebê começou a ser suspenso no ar, seu cobertor caiu, ele girava e uma luz prateada começou a circular por ele, uma forma estranha se projetou e num piscar de olhos ele se transformou em uma bela donzela.
Sem entender nada o senhor perdeu as forças e quase caiu, com o sorriso mais meigo do mundo a donzela explicou:

"Muitas vezes usamos os olhos físicos para discernir, avaliar e julgar as coisas. Esse castelo parece sombrio, mas na verdade não existe lugar mais quente e acolhedor que este. As pedras parecem grotescas e as lanças perigosas, mas no seu interior a sutileza é agradável aos olhos. A ponte intimida, mas é apenas para separar os bons dos maus corações.
Você veio guiado pelo amor, o amor de sua filha, entrou com a humildade e saiu com a bondade, tirou da sua boca faminta para dar ao próximo. Alimentou e ninou uma criança indefesa, e sei que faria muito mais ao sair daqui. Levaria as duas e continuaria deixando de ter, para dar. Por isso quero que olhe sua pequena..."

Ao olhar, o senhor começou a soluçar de emoção, sua filha estava corada, com um sorriso sereno no rosto, um brilho intenso nos olhinhos e disse:

- Vamos pra casa papai?

Assustado e emocionado ele olhou para o lado, onde a linda mulher estava até então, mas quando se deu conta ela já não estava mais lá, a chuva havia parado, e apenas o perfume inesquecível ficou no ar.

Ele foi embora levando pelas mãos seu bem mais precioso, a vida de sua filha, o amor incondicional que não julga, não fere e não acaba.

"Os mais belos tesouros são escondidos nas mais escuras profundezas, encontra-los não é sorte e sim merecimento."

terça-feira, 12 de abril de 2011

Direita

Gostaria tanto de poder adentrar nos seus pensamentos, sentir seus sentimentos e descobrir a forma como me vê.
Tentei me proteger de todas as formas possíveis, deixei de amar por medo de sentir dor, me afastei ao invés de enfrentar, me escondi quando deveria ter mostrado meu rosto.
Não me arrependo de nada, porque hoje me sinto pronta, capaz de dividir tudo o que tenho, me sinto forte o bastante para cair novamente, e quem sabe desta vez não seja um pequenino tombo de amor, daqueles que apenas te tira o fôlego.
O difícil é saber para quem entregar todo esse sentimento guardado, hoje tento observar mais e sentir mais. Confio mais no meu instinto e no meu coração, sei que ele vai me guiar para o caminho mais bonito.
Já perdi muito tempo tentando transformar algo que jamais se transformaria, ao invés disso, hoje eu tento aceitar tudo exatamente como é, se não for capaz de fazer isso eu prefiro abrir mão, acabo passando por cima da minha felicidade momentânea, para não transformar em dor os envolvidos.
Tem quem não me entenda, peco pela minha indecisão, mas o que não se percebe é que não estou pensando apenas em mim, ou em um momento, eu penso em um todo, vejo além, adiante.
Não sigo um caminho quando sei que ele vai me levar a um lugar sombrio, prefiro virar a direita e tentar um novo. Estou errada por fazer isso?

Enfim, finalmente virei a direta, logo ali em frente. Não faço idéia de onde essa caminho vai me levar, mas certamente ele já é mais ensolarado, pelo menos por enquanto.