Um pedacinho da minha alma...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Introspecção

Em uma noite chuvosa acordo com o barulho grotesco de um trovão, uma sensação estranha me invade, algo como estar sendo sufocada.
Acendo a luz do pequeno abajur ao lado da cama, coração disparado, respiração acelerada, pensamentos embaralhados e a escuridão lá fora. Olho ao meu redor para tentar compreender o que está acontecendo, olho o relógio ao lado do abajur, são 2:05AM. Que dia é hoje?

Lenvanto tateando a cama, os lençois embolados nos pés, quase me fazendo cair. Desço as escadas frias daquela casa escura sem ascender a luz, casa aquela na qual não pertenço ou nunca pertenci, tanto que quase não reconheço os poucos ambientes que nela dormem.
No último degrau percebo que minhas mãos estão suando, tenho a impressão que vou desmaiar, sinto as pernas amolecendo, o corpo formigando, a visão ficando turva até tudo desaparecer no breu, escuridão total.

Não sei quanto tempo permaneci ali, deitada sobre o último degrau da escuridão. Só sei que estava dentro de mim mesma, na introspecção do meu próprio organismo, quando de repente ouço um ruído distante, ele me soa tão familiar que tenho vontade de correr, abrir meu próprio corpo e saltar para a luz. É essa a imagem que aquele som familiar me remete, um lugar iluminado, seguro, cheio de cores e conforto.
Não demora muito para que eu force minhas pálpebras, elas parecem tão pesadas. Vou abrindo lentamente, com os olhos semicerrados e aquela escuridão toda, consigo apenas sentir que não estou mais no chão. O local onde provavelmente bati na queda dói, mas é essa dor que me traz cada vez mais para a realidade.
Finalmente consigo focar um vulto a minha frente, no meio da confusão dos meus sentidos tudo vai se encaixando. Eu ouço aquele ruído novamente, mas agora transformado e meu peito se invade com todas as sensações boas possíveis.
Sua silhueta mesmo no escuro é tão linda. Uma lágrima escorre no meu rosto inclinado, estou deitada e a tenho na minha frente, só consigo dizer:

- Meu amor, acordei assustada e nada fez sentido. Que bom que você está aqui.

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